terça-feira, junho 06, 2006

O Pavão

Passo a explicar a última coisa que me aconteceu nos últimos dias:

Vivo no centro de Lisboa, numa zona mais ou menos calma, mas para todos os efeitos num aglomerado urbano onde o único animal que costuma existir é um ou outro caniche estúpido que as velhinhas passeiam na rua, ou os pombos que todo o santo dia me cagam o carro.
Acontece que na parte de trás da minha casa há um muro com uns 10 metros de altura.
Há três dias atrás, apareceu lá em cima desse referido muro... UM PAVÃO!!!

Imaginem um Pavão em plena Lisboa.

O desgraçado esteve os últimos três dias empoleirado num sítio inacessível.
Telefonamos à polícia para saber quem é que tinha perdido um... Pavão, e quem é que o iria levar para os perdidos e achados, a polícia respondeu que não queria saber do Pavão para nada porque não tinha maneira de o ir buscar a cima do muro, e mesmo que fosse não sabiam o que fazer com o referido... Pavão.

Mas o pior estava para vir: O Filho da puta do ... Pavão não me deixou dormir durante três noites... adormeço quase sempre por volta das duas e às cinco da matina aquele cabrão começava a guinchar como se não houvesse amanhã.

Essa espécie de “Galinhola Apaneleirada”, cheia de plumas azuis e verdes, de leque aberto como uma sevilhana na menopausa, pensa lá por ser uma Galinha fina se pode pôr a acordar quem quer e às horas que quer...

Depois de pensar como é que havia de expulsar aquele trambolho da minha vida, para dormir descansado até às 08h15m, lebrei-me de lhe acertar com uma torradeira na crista... mas como não tenho pontaria o mais certo era não lhe acertar e o filho da puta do Pavão, para além de ganir como uma Madalena arrependida, ainda tinha motivos para ser rir à custa da minha torradeira e de mim!

Resignei-me durante três dias, maldizendo aquela lantejoula ambulante...

Até que hoje...
Maravilha das maravilhas... quando me levantei...
Estava à minha porta a policia, o Jeep dos bombeiros, um carro dos bombeiros com escada “Magirus” e o suposto dono do... Pavão.

Não teria sido melhor aguentar mais um dia e esperar que ele morresse de fome e caísse do muro? OK, eu ficava mais uma noite sem dormir, mas não se desperdiçava dinheiro do Erário Público para fazer um salvamento espectacular de um... Pavão.

Quando o pai da dona Arménia se mandou o terraço (9 andar), nem a polícia nem os bombeiros foram capazes de o ir buscar.
Só o foram buscar quando ele chegou cá abaixo à calçada e sujou o passeio todo de sangue.
Depois do passeio sujo, dá mais trabalho caraças!

Este país e esta cidade são surreais.