terça-feira, setembro 05, 2006

La Mort...

Porque...
... Ontem revi pela milésima vez a Cidade dos Anjos;
... Acabei de ler “As Intermitências da Morte” do José Saramago;
... Dois dos meus blogs preferidos falam “en passant” de Morte;
... Me fascina;
... Me apetece.

Hoje vou escrever sobre A Morte.

A Morte é uma “Coisa” que me fascina, como me fascina um “Grand Canyon”, um “Macchu Pitchu”, como me fascina o “Mar” ou uma “Mulher Perfeita”.
A Morte tem o fascínio do desconhecido, do ponto sem retorno...
A Morte tem a capacidade de apaixonar e repugnar o ser humano mais distraído, mais insensível.
A Morte é o principio e o fim de tudo. É a tese e a antítese de tudo o que vivamos ou imaginemos.

A Morte é complicada, mas será sempre... “Simplesmente A Morte”

Alturas houve em que fui atrás dela, mas nunca soube se a quis verdadeiramente encontrar, mas deambulava vendo em cada movimento dos ponteiros do relógio, mais um motivo para ir ao seu encontro.

Às vezes ainda quero ir ter com ela, mas cobarde como sou... quando a vir pela frente, tudo farei para lhe fugir.

Aliás, como menino mimado como sou, penso na Morte sempre que me dói um dente, ou me aparece mais uma borbulha na minha cara disforme.
Penso na morte em cada revés das minha fortunas, e o falso gosto pela vida é a justificação, pela falta de coragem por não ser capaz de a ir agarrar e de me deixar ir com ela para onde ela bem queira...

José Saramago descreve a Morte, como um esqueleto ossudo coberto por um manto com capuz, que deixa ver dois buracos no lugar dos olhos e ossos no lugar dos pés e mãos...

Eu, pelo contrário, acho que a Morte é a mais bela das mulheres, sempre...
... Jovem;
... Bonita;
... Fascinante e...
... Sedutora;

Vestida com um vestido...
... Castanho escuro...
... Longo e leve...
... Decotado...
... Que ao fundo deixa ver uns pés descalços cor de neve,

Os seus cabelos, em “cacho” sobre os ombros desnudos, relegam para segundo plano um sorriso matreiro que morde o lábio inferior.~
Os olhos, são verde água.
No ombro, também ele descoberto, tem tatuada uma caveira estilizada que será sempre a imagem da morte para os vivos.

A Morte chama...
... falando baixinho;
... voz rouca e encantadora,

E vem-nos buscar...
... beija-nos a face para anestesiar a dor do estertor final, quando o coração pára e nos faz entrar em territórios desconhecidos.

Mas...
... Morte é também...
... Traiçoeira;
... Má;
... Ladra;
... Assassina e...
.... Inclemente, pois deixa sempre as vidas a meio... e só mata os bons...

Pelo menos é o que as pessoas dizem sempre dos que morrem. Senão vejamos as conversas que ouvimos sempre nos velórios:

- Era um homem tão bom, Bom Pai, Bom Marido e Honesto!
- Era um Homem tão novo, só tinha 70 anos!
- Tinha tanto amor para dar!

A Morte é também o ser mais castrador que existe, pois proíbe-nos dos maiores prazeres:

... Fumar Mata;
... A velocidade Mata;
... Comer e beber em excesso Mata...
... Viver Mata...

Mas um dia, quando a Morte vier, sempre cedo demais, buscar alguém que eu ame... ao limpar as lágrimas gritarei...

“-VÁ MORTE, VEM, VEM CÁ FALAR COMIGO,
MORTE MÁ... VEM CÁ, OLHAR-ME NOS OLHOS,
TER UMA CONVERSA DE HOMEM PARA HOMEM, (perdão)
TER UMA CONVERSA DE MORTE PARA HOMEM, (agora sim)
VEM SUA COBARDE,
VEM SUA FILHA DE UMA GRANDESSÍSSIMA MORTE
VEM QUE TE MATO!”

... e aí...
... quase de certeza...
... a Morte não virá!

Continuarei a limpar as lágrimas, e vai aparecer um amigo imbecil que me dará uma palmadinha nas costas, dizendo:

- É a vida amigo “NaLua”, é a vida...

E eu responderei ofendido:

- Não é nada a vida, é a MORTE!!!

E no dia seguinte, ou no dia depois do seguinte, a vida voltará... e voltará tantos dias, quantos os dias que a minha vida tiver,
até que outro dia, em vez da própria vida, venha a Morte.

Afinal, o que quer que seja a Morte,

Todas as noites...
... No final de todos os dias
... Quando me deito... Só...
... Na minha cama
... Fecho a luz...
... e
... Rezo
... Pedindo a Deus
... Para que na manhã seguinte
... Me dê uma razão
... Para que eu possa

... VOLTAR A MORRER DE AMOR!

16 Comments:

Blogger Unknown said...

um pouco mórbido para meu gosto...

05 setembro, 2006 18:59  
Blogger ricardo said...

saudações!
apesar de tudo gostei...morrer de amor é um desejo...legítimo...de todos aqueles que vivem...sem o ter (just like me!)...

abraço

ps-obrigado pela tua recomendação literária (são sempre bem vindas!), e já agora, aproveito para te pedir que não me trates por "voçê",quando o fazes sinto-me tão velho como os livros que leio... okay? ;)

06 setembro, 2006 00:33  
Blogger Z said...

Salvaste-te com a ultima parte. Ja te ia dar um testamento em como a morte nao te deve atrair, e sim o amor. :P Salvaste-te. Consigo mesmo ser insistente. :P Na lua...

06 setembro, 2006 02:10  
Blogger Abssinto said...

Bom final! E lá para o meio aquele:

Eu, pelo contrário, acho que a Morte é a mais bela das mulheres, sempre...
... Jovem;
... Bonita;
... Fascinante e...
... Sedutora;

Eu só quis realmente morrer naquela caminhada de mochila às cotas mais a Galil ao berço que fizemos de Tancos a Santa Margarida. Quase 4 horas de horror e suplício. Quando um gajo se vem acho que também é quase uma experiencia no limiar da morte.

Abraço jovem!

- E o nosso copo, afinal?

06 setembro, 2006 03:33  
Anonymous Anónimo said...

Muito pesado , algumas coisas aprece que não fazem sentido , algumas frases têm o seu sentido ;)

Susana

06 setembro, 2006 17:09  
Blogger Sleeping Angel® said...

A vida é um copo cheio de veneno, a goles diários nos rendemos nos matando... Lentamente desconfortavélmente à dor me entrego, a dor de amar, sofrer, desejar e crer, não sei se eu creio. Só creio na agonia pois sei que o copo permanece cheio, esvaziar o copo acabar com a agonia deixar a vida, me dedicar a sorte e me entregar a morte!!

06 setembro, 2006 19:31  
Anonymous Anónimo said...

Olá meu doce ;)
Hoje caminhei até ti e não poderia deixar de comentar esta maravilhosa mudança para um fundo amarelito cueca lol
Quanto ao post... achei um pouco carregado... apesar do último flique MORTAL encorpado lol
ah! obrigada por teres sido o grande amigo imbecil...

07 setembro, 2006 07:57  
Blogger NaLua said...

Speaker,
infelizmente a vida tem coisas mórbidas, sou apologista de que nunca devemos deixar de falar das coisas desagradáveis.
De qualquer forma, obrigado pela visita. Abraço!
Sheep,
havemos de o voltar a ter, de certeza. A partir de agora, já que me pedes, vou tratar-te por tu! Um grande abraço para TI!
Zofia,
ufa... livrei-me do testamento. Obrigado pela visita, volta sempre a esta tua casa. ;-)
Absinto,
O copo??? é quando quiseres, afinal tens o meu número de telefone para quê, pá?
Abraço e fico à espera do convite para copo ou outra actividade lúdico-cultural.
Taliban,
Lamento a tua perda. Grande abraço.
Susana,
o que é que não faz sentido? teria gosto em esclarecer-te. Obrigado pela visita e volta sempre.
Angel,
é preciso muita coragem para beber o copo de uma só vez...
Sandra,
serei sempre o amigo que precisares... Também imbecil porque não? às vezes também é preciso... :-)

07 setembro, 2006 15:28  
Blogger Pedro Gamboa said...

Morte, todos em ultima instância, lutaremos, como nem sabíamos ser capazes, para lhe fugir. È belo, é talvez das coisas mais fantásticas, essa pequena força que anda escondida no nosso peito, esse impulso de viver, que mesmo quando a morte parece ser a melhor opção, mesmo nessas alturas lutamos com honra, porque algo mais forte nos impele.
Somos também tão tolos, o que é normal dada a nossa imperfeição, somos extremamente competitivos em vida, lutamos, comparamo-nos, critica-mos, queremos a todo custo ser melhor que o outro, muitas vezes recusamo-nos a tecer-lhe elogios, quase impossível é para nós afirmar que sicrano é melhor que nós, aliás que é o melhor.
Mas um dia, esse simpático outro, esse simpático sicrano, morre. E aí então, vamos ao seu funeral, dizemos tudo, palavras sentidas, belas, verdadeiras, mas que lhe devíamos ter dito pessoalmente, durante toda a vida…

Um forte obrigado NALUA.

08 setembro, 2006 00:09  
Blogger Mary Lamb said...

Ui! Estamos ácidos! E podes não responder ao comment, ok? Tás na boa.

17 setembro, 2006 04:08  
Anonymous Anónimo said...

A morte não me inspira, mas reconheço que é sempre um momento de reflexão para os que ficam!
Um abraço muito amigo da Daniela

18 setembro, 2006 16:28  
Blogger Pedro Gamboa said...

NALUA tenho vindo ao teu blog em busca de mais post´s teus, mas…. Força!

Saudações.

19 setembro, 2006 01:54  
Blogger Felina said...

mórbido, mas subtil...

gostei! gostei da tua abordagem!

Um beijo insuflado de vida!!!

19 setembro, 2006 17:03  
Blogger Stranger said...

pois...por vezes usam a Morte para desculpar tudo...e qd as palavras sao repetidas muitas vezes deixam de ter valor.

A "minha" morte surgiu-me aquando da dele - Mario Cezarini

Obrigado pela visita

04 dezembro, 2006 20:48  
Anonymous Anónimo said...

fui recambiada para o teu blog, directamente para este post.. e confesso-me fascinada pelas tuas palavras! foste genial!

na verdade, a morte sempre foi uma constante paradoxa na minha vida.. por longos anos vivi fascinada com aa suas possibilidades, admirando a serenidade de um corpo morto.. no auge da sua plenitude..

contrariamente ao costume, a morte, para mim, não é um foco de medos.. na verdade, encaro-a com toda a naturalidade.. mas, claro, não deixo de sofrer quando alguém que amo parte na distância da minha capacidade visual reduzida..

és um romantico!

adorei ler as intermitências da morte! grande saramago!

05 dezembro, 2006 12:21  
Blogger GuerrilheiraUrbana said...

Muito, muito bom...
Parabéns...

06 março, 2008 10:24  

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