O Louco

Gosto muito de gente louca!

Acho que os “Loucos” são os verdadeiros Seres Humanos.
Nós, os aparentemente “Não Loucos”, somos cada vez mais autómatos pré-programados pela sociedade, para agir de determinada forma, forma essa tomada adequada pelos códigos de conduta definidos ao longo de séculos pelos nossos pares.

Quero partilhar convosco uma experiência fantástica.

Todas as noites, faça chuva ou calor, entre as 22 horas e as 3 ou 4 da manhã, se descerem a Avenida da República, na direcção da Rotunda do Marquês de Pombal, e repararem no semáforo que está no corredor central, junto ao “Centro Comercial Monumental” e o “Atrium Saldanha”, está um senhor, bem vestido, de óculos, cabelo branco aparentemente cuidado, com cerca de 80 anos cuja ocupação é … imaginem … sorrir para quem passa e dizer “adeus” acenando com a mão.

Aparentemente… é um “Louco”!

O que é certo é que todas as pessoas que ali costumam passar ao início da madrugada, abrandam o carro, mesmo que o semáforo esteja verde, buzinam e respondem ao “Adeus” e ao sorriso do simpático velhote.

Sorriem para ele também!

Por vezes detenho-me a observar a quantidade de pessoas que vendo o senhor distraído buzinam para ter direito à saudação…

Numa cidade, e numa sociedade como a nossa, em que não cumprimentamos o vizinho que vive ao nosso lado, em que não dizemos ”Bom dia” nem boa tarde a quem se cruza connosco na rua, em que não levantamos a mão para agradecer a quem pára o carro para nos deixar atravessar a rua e não dizemos “Obrigado” a quem nos serve a refeição, acho fantástico que haja alguém que se ocupe a sorrir e a acenar para cumprimentar os transeuntes desconhecidos e que passam na rua quando a noite já vai alta.

Por vezes, à noite deambulo de carro por esta Lisboa que ainda me surpreende, e encontro pessoas cuja “Loucura” ninguém questiona, mas que me fazem sorrir e pensar um bocado, naquilo que é ser-se realmente “Louco”.

Será Loucura?